Copa 2018 ; Tite não diz se fica ;

ADAURY VELOSO ;

Tite não diz se fica e afirma que Fernandinho ‘joga muito’

Após primeira derrota em um jogo oficial, o técnico do Brasil afirma que que vive um momento de emoção para falar em novo ciclo, elogia substituto de Fernandinho e reclama que queria VAR no pênalti sobre Gabriel Jesus,

Kazan — Eliminado pela Bélgica nesta sexta-feira em sua segunda derrota à frente da Seleção Brasileira, Tite não quis antecipar se permanecerá no cargo para o ciclo da Copa do Catar, em 2022.  “Não falo absolutamente nada a respeito de futuro. É um momento de emoção”, afrimou na primeira resposta depois do 2 x 1. “Quero analisar o jogo. Não vou entrar em individualidades, é desumano. Do outro lado, tinha uma equipe de qualidade. Grande parte do jogo dominamos, criamos oportunidades. Na efetividade a Bélgica traduziu em gols. Não em termos de desempenho”, avaliou.

Confira os principais pontos da entrevista:

 
» Pênalti em Gabriel Jesus
Não quero falar de arbitragem, vai soar como choro. Só queria ver o VAR no lance do Gabriel.
 
» Efetividade
A Bélgica teve três finalizações e foi efetiva. Traduziu em gol suas chances. Mas quero pegar os detalhes para falar da qualidade do jogo. É muito duro falar, mas foi um grande jogo. Duas equipes com qualidade técnica impressionante. Com toda a dor que estou sentindo, o amargo, a dificuldade de falar agora, quem gosta de futebol teve prazer de ver esse jogo. Quem não está envolvido emocionalmente… Que jogo. Oportunidade aqui, lá. Triangulações, goleiro, opções, transições. Me dói falar isso. Mas quem aprecia um grande futebol vai ver que foi um grande espetáculo. Com a dor por termos perdido. Primeiro jogo oficial que perdemos… Se eu disser que o legado é bom, vão dizer que estou valorizando. O tempo vai dizer isso. Passados alguns dias, teremos um discernimento maior para falar.
 
» Fernandinho
Joga muito e exerce a mesma função no City. Tivemos dois terços do jogo na nossa mão, com equilíbrio emocional de jogar com 2 x 0 atrás. Antes de tomar o gol já tinha tido duas chances reais. Tenho que ter discernimento para passar aos atletas a capacidade de absorver um golpe forte. E manterem o discernimento para construir. Temos que analisar o conjunto da obra.
 
» O que faltou contra a Bélgica
O futebol tem muitas variáveis. Não fico de blá, blá, blá, mas temos que analisar de forma global. Aspectos táticos, técnicos, físicos e emocional. A Bélgica tem jogadores de alto nível. Courtois estava iluminado. Não gosto de falar em sorte. Futebol tem o aleatório, mas não gosto de falar de sorte. Quando é a nosso favor, é uma maneira educada de desprezar nossa competência. Sorte não acredito. Teve o Courtois sorte? Não. Esteve bem. Bateu na trave, fazer o quê? Bélgica teve competência e efetividade. Tivemos dois terços do jogo na mão, jogo de alto nível, a qualidade está dos dois lados.
 
» Torcida
A torcida sabe avaliar. Eles acompanham e têm discernimento. Talvez a dor fique aflorada. Está muito difícil falar com vocês agora. Talvez, pese 30 anos de carreira para conseguir falar agora. O torcedor sabe avaliar o que aconteceu em campo, ele enxerga. Talvez por isso reconheça e passe esse carinho.
 
» Acaso
Não estou dizendo que não existe, só não gosto de falar em sorte. Para mim é depreciativa. Respeito quem pensa diferente. Esse circunstancial o jogo tem. Tem que contextualizar. Mesmo absorvendo, tendo a chance de sair na frente, tomou dois gols e manteve. Continuou criando. Mas o aleatório, o acidental… Ele existe. E hoje ele bateu. Dói falar isso. Não é um desprezo à Bélgica. Uma grande equipe. Mas o aleatório foi cruel conosco. Foi duro demais e duro de engolir.
 
» Ciclo
Toda vez que um técnico consegue desenvolver o trabalho com um tempo maior, ele consegue desenvolver melhor. Não só em seleção, no clube também. Quando mais tempo com o atleta, mexe mais com o técnico, o emocional. Entre o ideal e o real… A minha realidade foi assumir no meio do caminho e o fiz de coração aberto. Primeiro jogo oficial que a gente perde. Saímos perdendo contra o Uruguai e viramos. Números para serem interpretados, mas a ideia de futebol ficou clara. Sabe marcar alto, médio e atrasado. Tem contra-ataque e futebol construído. Ela mostrou isso. Talvez seja a equipe que mais tenha finalizado. E uma das que mais tenha finalizado no gol. E uma das que menos tenha sofrido finalizações do adversário. E está fora.
 
» Sentimento com a eliminação
Não quero ser demagogo e falar de sentimento. Passei para a minha comissão técnica o orgulho que senti de todos. Talvez tenha faltado competência em algum momento. Mas dedicação plena, não. Todos os momentos buscamos soluções. Orgulho do trabalho, sentimento da derrota. Mas o discernimento de saber avaliar e não ter condição de projetar nada.
 
» Neymar
Mostrou evolução, estava no ápice. A gente consegue perceber quando a cabeça pensa e o corpo responde. Voltou acima do que eu imaginava. Se você pegar as ações de alta intensidade, talvez ninguém tem igual no Mundial. Fred teve a pancada e não conseguiu ter sua recuperação total. Mas no geral, a equipe voou. Não foi o aspecto físico que determinou a derrota.
 
» Carrascos europeus: França, Holanda, Alemanha e Bélgica
O Brasil foi uma equipe sólida e agressiva. Ficaram só equipes europeias na Copa agora. Das oito nas quartas, seis eram. É normal o enfrentamento. Enfrentamos Rússia, Alemanha, Croácia, Áustria, Inglaterra… Talvez não com o tempo necessário. Mas não foi esse aspecto o determinante da eliminação.

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