Adaury veloso; Campeão do cinquentário, Gentil era gênio, incomparável e folclórico.
Missão dada é missão com taça. Foi assim com Gentil Cardoso. O “Moço Preto”, que se estivesse vivo completaria 110 anos, veio para a Ilha do Retiro, em 1955, com uma responsabilidade gigante: ser campeão do Cinquentenário do Clube. Bancado pelo então presidente Adelmar da Costa Carvalho, a história escrita já é conhecida: aquele ano era do Sport. E a cabeça do time era Gentil.
O técnico-filósofo tinha uma marca registrada: treinava os “meninos” com um inseparável boné e um irreconhecível megafone. Na hora do treino, um gênio. Na hora da tática, incomparável. Na sala de entrevistas, folclórico. Gentil foi conhecido e respeitado em cada área que atuava, seja dentro ou fora das quatro linhas. “Futebol é uma caixinha de surpresas”, “Vai dar zebra”, “Quem não faz, leva”, “A melhor defesa é o ataque”… Já escutou essas frases? Gentil, “frasista” do jeito que era, foi quem criou todas elas.
Gentil não apenas foi campeão de 55 com o Leão, como trouxe peças importantes e montou a cara do time dos anos posteriores. Ely do Amparo e Osvaldo Baliza, dois grandes nomes da história rubro-negra, veio por meio dos pedidos de Gentil, completamente acatados por Adelmar. Mas algo faltava. E Gentil sabia disso. Em algumas das conversas entre o técnico e Adelmar, o presidente perguntou o que faltava para que o time começasse a vencer. “Entrosamento”, respondeu Gentil. “Então contrate logo esse entrosamento”, brincou Adelmar. E a brincadeira se tornou realidade. Com peças importantes e com a coordenação de Gentil, a taça veio para a Ilha do Retiro.
Depois da taça, Gentil voltou no mesmo ano para o Sudeste. Em 1959, ele voltaria a se reencontrar com Pernambuco, quando treinou a Seleção Brasileira, no Sul-Americano Extra (atual Copa América). Por fim, o técnico voltou ao Sport, já em 1966, mas sua passagem não teve tanta força quanto a primeira.
