Jogador de base do Náutico denuncia injúria racial;

VELOSO ASS DE COMUNICAÇÃO – FUTEBOL
clube posta nota em apoio ao jovem
Atleta de 16 anos foi vítima de preconceito e acusado de tentar furtar um carro. Um atleta de 16 anos do Náutico prestou queixa à polícia, nesta quinta (27), acusando dois homens de injúria racial e calúnia. O atleta estava deixando o Centro de Treinamento Wilson Campos quando foi abordado, próximo a um posto de gasolina, e acusado de tentar furtar um veículo que estava no local.
O jovem, que não terá o nome divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), na Zona Oeste do Recife, para prestar depoimento. “Estava em um posto, esperando meu pai chegar lá. Estava tranquilo, no telefone, quando um cara jogou uma carreta para cima de mim. Ele abaixou o vidro e começou a gritar, dizendo que eu queria roubar o carro. Sem entender, tentei manter a calma e disse que estava esperando meu pai. Ele ficou perguntando para onde eu ia e depois disse que eu estava mexendo no carro. Eu disso: ‘amigo, isso é uma acusação grave. É capaz do dono do carro escutar e ver querer fazer algo contra mim’. Aí ele disse que era o dono do carro e eu disse que não estava mexendo no carro”, disse o jovem.
“Ele me mandou ir embora e eu disse que iria, mas que não estava mexendo no carro. Depois, outro cara chegou, o patrão desse primeiro, falando alto, perguntando o que eu estava fazendo. Disse novamente que eu estava esperando meu pai. Ele disse que estava vendo, pelas câmeras, que eu estava mexendo no carro, tentando roubar. Pedi para eles mostrar essas filmagens, se eu estava fazendo algo no carro. Ele disse que não mostraria. Eu disse que queria deixar claro para todos que estavam vendo que eu não tentei roubar. Ele disse que ia mandar os funcionários me tirarem de lá. Liguei para o 190 e os policiais me atenderam bem. Quando estava esperando a viatura, esse segundo cara, que era dono de uma empresa, foi embora. Os funcionários dele, que estavam me encarando, entraram na empresa”, continuou.
“Quando a polícia chegou lá, foi dito que estava todo mundo em horário de almoço. Quando eu disse que ia esperar o patrão voltar, aí mudaram a história, falando que o cara tinha saído, sem hora para voltar. O patrão não veio. Só os funcionários vieram na delegacia, sem dizer o nome do patrão”, explicou, citando que ainda sofreu ameaças de um dos acusados.
“Disseram que não daria em nada porque conheciam o comissário. Quando os policiais se afastaram, disseram que eu deveria desistir para não acontecer coisa pior no futuro. Que eu não sabia quem era o patrão dele, que era alguém influente. Tentaram me amedrontar, mas continuei com minha palavra”, pontuou.
O pai do jovem ressaltou os insultos racistas que o filho sofreu. “Ele disse ‘você está querendo roubar, neguinho’. Meu filho se defendeu, pedindo para ele mostrar a imagem em que ele mexia no carro. O patrão não mostrou e entrou na empresa”. Em nota, o Náutico se pronunciou sobre o caso e se colocou à disposição para ajudar juridicamente o atleta. “É inadmissível que cenas como essa ainda se repitam nos dias atuais. O preconceito por raça, orientação sexual ou qualquer outra ‘diferença’, precisa ser combatido e seus autores punidos com veemência. Informamos, ainda, que o Náutico coloca à disposição do atleta e sua família todo o departamento jurídico do clube. Não serão medidos esforços para que o caso seja solucionado e as penas estabelecidas em lei aplicadas”, postou.
Em nota, a Polícia Civil informou que registrou ocorrência e instaurou um procedimento para “apurar o possível caso de injúria racial”.
Emerson Leonidas, advogado do jovem, declarou que aguarda a Polícia Civil identificar os autores da injúria racial para, posteriormente, serem ouvidos. “O rapaz que foi conduzido para a delegacia foi o que estava na carreta. A delegada do caso fez apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Falta chamarem o dono da empresa para depor. Além disso, a vítima deu depoimento sem a presença do pai. Por ser de menor, isso é errado. Pedirei que seja feito outro depoimento, agora na presença do pai”, declarou.
O crime de injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.

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